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“All That Glitters”: Contemporary Amazonian Gold Miners' Tales

Published online by Cambridge University Press:  03 June 2009

Candace Slater
Affiliation:
University of California, Berkeley

Extract

One of the most persistent of all New World dreams, El Dorado has acquired new life over the last two decades throughout much of the Amazon Basin. Many of the same golden visions that led Orellana and his men to plunge ahead down an “ocean-river” in the sixteenth century continue to prompt large numbers of people in Ecuador, Colombia, Venezuela, Peru, and, above all, Brazil to leave their families and set out for makeshift mining camps to seek their fortunes amidst a sea of mud. This discussion focuses on representations of gold miners or garimpeiros by themselves and others. I argue that although miners unquestionably draw on a much larger oral tradition, their stories stand apart from those told by a more general population in their tendency to portray gold as an active, female agent and in their relative lack of interest in clear-cut morals. In addition, while the vision of nature and natural forces as female and the fixation on violence as a (if not the) key element of life in the garimpo would appear to corroborate precisely those images of miners that reach a national and international public, this surface agreement cloaks important underlying differences that underscore the fundamental multiplicity of metaphor.

Type
Cultural Readings of Culture
Copyright
Copyright © Society for the Comparative Study of Society and History 1994

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References

1 Garimpeiro actually applies to any miner, whether of diamonds, cassiterite, bauxite, and so forth. In the Brazilian press, however, the term is often used synonymously with gold miner; and I shall use it here in this limited sense. The word, grimpeiro appears to have originated in the eighteenth century in reference to diamond miners who worked in defiance of prohibitions by the Portuguese Crown (Schmink 1985: 185).

2 In relationship to their importance, there is really very little writing on garimpeiros. For an introduction to present-day gold mining in the Brazilian Amazon, see Cleary (1990). Cardillo (1983) provides a useful historical overview. See also the articles in Figueiredo (1984).

3 Because gold mining, for many men, is an intermittent, often seasonal, activity, actual numbers are difficult to calculate. Nevertheless, there are probably at least twice as many miners as there are either Indians or rubber tappers-the two groups which occupy the most prominent place in the international eye. Moreover, although there is considerably less money to be made in gold mining today than in the 1980s, the number of garimpeiros remains high.

4 See Godfrey (1992) for a discussion of some of these. For an example of the sort of outcry that miners' invasion of indigenous lands has occasioned in the popular press, see Brooke (1990a and 1990b).

5 See Slater (1994).

6 A number of Salgado's photographs of Serra Pelada appear in Simons (1987).

7 Cleary (1990: 164–87) offers a useful description of Sena Pelada. See also Kotscho (1984).

8 Foreigners were expressly prohibited from working in Sena Pelada, but a number succeeded in entering the mines anyway.

9 See Schmink (1985) and Schmink and Wood (1990: 219–49) for a detailed account of social, political, and economic changes associated with the new technologies.

10 In the chupadeira system, a jateiro or pistoleiro uses a jet of water to dig, while the individual known as the maroqueiro feeds a mixture of water, sediment and gravel into the suction tube hooked up to the second water pump. There is also a raleiro, who oversees the entry of material into a metal drum which serves to slow down the flow of water, and an embarcador, who guides a slower stream of water over the rungs of the “long-ton” box.

11 Puxa vida, esse Cipriano chegou aqui bem pobrezinho. Mas logo enricou. Foi para o mato urn dia, achou tanto ouro que deu para encher várias latas de leite Ninho. Já pensou? Aí, com esse ouro ficou rico, rico. Comprou urna dessas TV que parece mais bem cinema. A casa dele ocupava todo um quarteirāo. Até o cachorro levava colar de ouro. Tāo podre de rico que ele ficou. Chegou sem ter nada de nada, mas saiu daqui feito um rei. (Man, age 34, born in the interior of Imperatriz, Maranhāo. Interviewed on boat to Santarém. Eight years “on and off” in gold mines, also works as solderer. Separated, three years of grade school.)

12 Man, age 34, born Minas Gerais. Interviewed in Garimpo Faz-de-Tudo (RondÔnia.) Worked in gold mines 1981–84, now works sometimes (usually works in construction otherwise.) Married, five years in grade school.

13 A perna is the amount of gold needed to pay for one leg or perna of the flight from the garimpo to the nearest major city. Within the garimpo, even the simplest transactions are usually done in gold; and every shop or bar possesses a finely calibrated scale.

14 Já vi tantas vezes isso, que um peāo trabalha um barranco e nāo acha nada, acha bem pouquinho, depois de todo aquele trabalho. Gasta quatro pernas, cinco pernas, seis, sete, tentando tirar um banano e nāo acha nada. Aí, vem outro e encontra ouro, muito ouro, naquele mesmo lugar. Pois è, aquele rapaz, o Lulāo, trabalhou num lugar por muito tempo. Cavou, cavou, cavou, mas achou pouca coisa. Aí, por fim, deixou, foi embora. E logo depois, veio aquele cara do Paraná, começou a trabalhar no mesmo lugar. 'Escuta, rapaz, ali vocě nāo acha nada,” disseram para ele. “O Lulāo que passou tanto tempo sem achar coisíssima nenhuma.” Mas o cara nem ligou. Cavou, cavou, cavou, e no terceiro dia bamburrou que era toda urna beleza. Ele tirou bem setenta quilos de ouro só na māo. Sem maquinária, né? Agora, isso faz dez anos. Hoje para tirar cem gramas é com a máquina, mas a coisa entāo era diferente. Aquele homem encontrou tanto ouro que deu para encher bem duas malas, juro. E o pobre do Lulāo que nunca tirou nada. (Man, age 51, born Belém do Pará. Interviewed in Itaituba while in town from garimpo. Fourteen years in gold mines. Single [“but I had three ‘wives’”], “almost no” formal schooling.)

15 O ouro, ele exige muita coisa da gente. Vocě nāo pode pensar em ganāncia—cano, casa boa, essas coisas quando vai atrás dele. Pois se ligar para elas, zanga, queima. Nāo, tem que pensar naquele ouro e mais nada. Pois o ouro è como um fogo—cone, e depois, some feito fumaça. Aí, esse peāo perdeu tudo, tudo. Era para ele ter segurado aquele ouro e ficado rico, mas nāo soube fazer o necessārio. Aí, pronto, sumiu tudinho. Pois é, ele ficou decepcionado mas a culpa foi dele mesmo, assim que digo eu. (Man, age 26, born Santa Rita, Maranhāo. Interviewed in Garimpo Concórdia (Tapajós.) Four years in gold mines [previously worked in copy shop]. Single, grade school education.)

16 Man, age 24, born Macapá, Amapá. Interviewed in Garimpo Boa Fortuna (RondÔnia.) Has worked off and on in gold mines for six years (does odd jobs otherwise.) Married, grade school education. Because gold is a masculine noun, the pronoun would normally be ele. However, the man inadvertently uses the feminine pronoun, ela.

17 The term, blefe, is closely associated with garimpagem. It appears related to the English “bluff.” The idea of being blefado, or swindled—naturally, implies a swindler-in this case, gold itself.

18 Entāo, esse camarada tirou bem uns quinze quilos de ouro, tirou ouro à vontade, pepita de 300, 400, 500 gramas. Aí, ficou muito rico, quase milionário. Só que nāo durou. Comprou casa, quatro canos, jóia, dente de ouro para ele e a māe dele, mas logo perdeu tudo, ficou pobre feito eu. é que o ouro é. assim, ele vai de urn camarada para outro. Nāo gosta de ficar com ninguém muito tempo. (Man, age 40, born Maués, Amazonas. Interviewed in Maués while home from garimpo. “More time than I care to remember” in gold mines. Grade school education.)

19 For a description of alma narratives, see Câmara Cascudo (1984: 38–42.)

20 While there is relatively little research on garimpeiros, there is even less on the role of women in the garimpos. Interesting models from the American West include Goldman (1991) and Levy (1992).

21 Born, toda noite antes da madrugada esse homem ouvia uma criança chorar. Toda noite durante sete dias. Aí, dizia sempre para a mulher dele, “Mas Fulana, que terá o nenê? Vai lá ver.” Pois tinha o filhinho dele recém-nascido, né? Mas quando a mulher dele ia olhar, nāo tinha nada, estava pegado no sono. Aí, ficou desconfiado. Toda noite, toda noite, aquele choro de criança. E o filho dele dormindo como nem uma pedra na rede. Por fim, ele foi lá no quintal, cavou, cavou, naquele lugar de onde vinha aquele choro. E descobriu o corpo daquela mulher. Que ela tinha morrido com a criança formada na barriga, só faltava um mês para ela nascer. Assim que enterraram ela de novo em outro lugar mais longe, mas até hoje tem noite que nāo dá para ele dormir. Pois o pai da criança tinha sido assasinado, ele mais a mulher. Um sujeito trabalhador, mas confiou demais nos outros. Assim que mataram ele uma noite, mataram todos dois. Só que nunca foi achado o corpo dele. E é por isso que a criança chora—chora pelo pai que vai por aqui com os olhos acesos, o peito rasgado, cheio de sangue. (Woman, age 34, born Parintins, Amazonas. Interviewed in Parintins. Worked as a nurse for three years in garimpo, presently employed in public health agency. Separated; high school education.)

22 Entāo ele, o Carlos, foi atrás da chave para mudar uma peça do motor. Entrou no gabinete, viu aquele moreno lá deitado no chāo, cheio de sangue, derramando sangue da cabeça, muito desorientado, lá no chāo. “Puxa, já morreu mais um, já mataram mais um.” Porque a morte no garimpo é a coisa mais natural. Ele nāo tinha medo nenhum, entrou e saiu, né? Só que quando voltou com a chave, nāo tinha mais aquele negro, nāo tinha mancha de sangue, nāo tinha nada. Aí, ficou com medo porque nāo tinha explicaçāo. Ele queria sair logo daquele lugar. Pois tinha voltado pelo mesmo caminho sem ter visto nada. E só tinha aquela porta de entrada e saida, né? Aí, ele mandou todo mundo procurar o homem. Mas nāo acharam nada. Ele só sabe que era um homem bem moreno, de cabelo bem arregadinho, outra coisa nāo sabia dizer. Mas tinha derramado muito sangue, né? E mesmo assim, nāo tinha nada de sangue no chāo. (Man, age 37; born in interior of Amazonas. Interviewed in Agua Branca garimpo. Ten years in gold mines. Married—“but my wife lives with her family in Oriximiná.” Some grade school.)

23 A number of garimpeiros believe that corpses buried with gold anywhere on their persons are condemned to an unquiet afterlife. Although successful miners are most likely to replace their front teeth (and, sometimes, those of family members) with gold so everyone can see this sign of newfound wealth, I heard numerous stories about people who were buried with concealed or simply unnoticed gold teeth and whose bodies then had to be exhumed in order to permit them to lie in peace.

24 Entāo esse médico que chegou no garimpo nāo dormiu nada por causa dos espíritos. às 6 horas da manhā pediu urn aviāo para sairdaquele lugar. “Vi muita alma penada, muita coisa,” disse. “Olhe, Seu Joaquim, sāo três espíritos que estāo vagando dentro do garimpo. Morreram de morte terrivel todos três. Aliás morreram corn ouro na boca, tinham dentadura de ouro, mas ninguém tirou. Um era um rapaz que mataram lá no baixāo. Mataram ele por malvadeza, um rapaz muito novo. Outro era urn senhor mais idoso, coitado, mataram ele também de morte muito feia. O terceiro era mulher, era assim, assim, assim. Deram várias facadas nela também. Aí, explicou tudo, tudo. é que no garimpo as pessoas morrem por encomenda, morre-se muito, é triste. Assim que morar aqui nāo dá para todo mundo. (Man, age 31, born Fordlāndia. Interviewed on boat to Itaituba. Five years in gold mines (previously barber). Married, grade school education.)

25 For studies of the Encantados, see Galvāo (1955), Maués (1990), and Slater (1994).